Os cavalos e a avestruz

No meio da tempestade, dois cavalos avançam devagar, resignados ao desconforto. Encharcados, já não galopam em busca de abrigo, o estábulo é um ponto úmido no horizonte.
De súbito, deparam com uma avestruz, que mais parece um arbusto molhado de três caules.
– De que adianta proteger só a cabeça? – relincha um.
– Arre, você ainda não sabe que as aves são fracas das ideias?
– Acho que deveríamos dar um bom coice nela.
– Quem sabe não toma tento?
Com um golpe certeiro, o mais forte ergueu e lançou os cascos, atingindo em cheio o corpo da plumada, partindo-lhe, de imediato, as pernas e o pescoço.
E dizer que ela só gostava de ter a cabeça numa noite sempre seca e silenciosa.

Perigoso é o sossego dos solitários.

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