O tubarão e o artista moderno

Muito se diz sobre o mundo da superfície, pouco sobre o submarino.
Um tubarão branco, inflado pelo orgulho de suas presas, assim gostava de se gabar:

– Arranco braços, pernas, caudas e cabeças com uma só dentada.

Costumava matar menos por fome do que por vontade de mostrar seu poder. Nadava tão cheio de si, a boca escancarada, que se esquecera de que não podia confiar em seus olhos turvos e inúteis. Senão tarde demais, encontrou-se preso entre barras de ferro.

Por um tempo recebeu comida regularmente, partida em pedaços. Foi sua primeira morte. Hoje segue em estado de suspensão, visível através das paredes de um estranho aquário, parte involuntária da obra de um artista moderno que vê em seus dentes o símbolo da fraqueza de nossa condição animal.

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